A federação que pode redesenhar o poder no Brasil
Na próxima terça-feira, a política brasileira testemunhará um movimento de peso: a oficialização da federação entre o Progressistas (PP), presidido por Ciro Nogueira, e o União Brasil, liderado por Antônio Rueda. A união dessas duas siglas, que manterão suas identidades partidárias dentro da estrutura federativa, sinaliza muito mais do que uma estratégia eleitoral — trata-se da consolidação de um bloco político que pode ser decisivo nas eleições de 2026 e, principalmente, na governabilidade a partir de 2027.
A nova federação nasce com a força de quem conhece o funcionamento do poder por dentro. Com ampla capilaridade nacional, presença relevante em praticamente todos os estados e acesso a um fundo eleitoral robusto, PP e União Brasil reúnem estrutura para se posicionar como protagonistas do próximo ciclo político. A federação garante estabilidade institucional entre as legendas, obrigando-as a atuar de maneira coordenada até pelo menos 2030 — o que muda completamente o cenário de negociações no Congresso e nas disputas estaduais.
No plano nacional, o nome mais forte no momento para encabeçar uma eventual candidatura da federação à Presidência da República é o do governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Com perfil moderado, trajetória consolidada e liderança no Centro-Oeste, Caiado desponta como alternativa competitiva. Ainda assim, o desenho definitivo para 2026 dependerá do xadrez das alianças. Há uma possibilidade concreta de que a federação se alinhe a um projeto mais amplo da direita, apoiando o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ou até um nome apresentado diretamente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, caso se forme uma frente unificada do campo conservador.
Independentemente da cabeça de chapa, a federação já é vista como peça-chave no próximo governo. Seu tamanho e força legislativa a posicionam como fiel da balança para qualquer futuro presidente. Se for governo, terá protagonismo. Se for oposição, será combativa e estruturada. Sua capacidade de influenciar votações estratégicas, conduzir reformas e definir prioridades legislativas torna inevitável sua presença no centro das articulações de poder.
Nos estados, o efeito será imediato. Em regiões como Pernambuco, Bahia, Mato Grosso e Goiás, onde as duas legendas já atuam com razoável sintonia, a federação pode ampliar sua base e desequilibrar forças tradicionais. Em outros, haverá disputas internas e ajustes locais, naturais em um processo de adaptação política. Mas o saldo tende a ser positivo: menos fragmentação, mais densidade eleitoral e maior previsibilidade nas alianças.
Essa federação não é um novo partido — mas pode funcionar como tal, com unidade de ação e comando centralizado. Na prática, representa a institucionalização de um novo polo de poder, que alia pragmatismo, estrutura e ambição. Alguns já a apelidam de “centrão formalizado”, mas o rótulo talvez simplifique demais o que está se formando: uma força com projeto nacional, disciplina interna e capacidade de interferir no destino do país.
O Brasil de 2026 ainda está em construção. Mas o que se desenha com clareza é que qualquer caminho para o Palácio do Planalto ou para a estabilidade legislativa em 2027 passará, obrigatoriamente, pela mesa de negociação entre Ciro Nogueira e Antônio Rueda. A federação entre PP e União Brasil chegou para ser protagonista — e não pretende sair de cena tão cedo.
Anistia – O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos) decidiu não pautar a anistia, em comum acordo com o colégio de líderes, atendendo aos apelos do Supremo Tribunal Federal. O PL do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros partidos de oposição prometeram obstruir a pauta, inclusive nas comissões.
Oficializado – O pernambucano Frederico Siqueira (União Brasil) foi oficializado como ministro das Comunicações. Ele foi indicado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Com a chegada do novo ministro, Pernambuco passa a ter seis integrantes na esplanada. São eles: José Múcio (Defesa), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), André de Paula (Pesca) e Jorge Messias (AGU).
Avaliação – O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que o presidente Lula não pode se iludir com os partidos de centro, que não estarão com ele em 2026. Para Siqueira, Lula deveria priorizar os partidos que estarão com seu projeto sob qualquer circunstância como PSB, PV e PCdoB.
Eles ficam – Com a iminência da formalização da federação entre PP e União Brasil, ao que tudo indica os deputados federais Fernando Filho e Mendonça Filho permanecerão na legenda, uma vez que não haverá lugar melhor para que eles possam disputar a reeleição em 2026. Apenas Luciano Bivar, por razões óbvias, deixará o União Brasil.
Inocente quer saber – Com a federação, PP e União Brasil terão duas vagas na majoritária de Raquel Lyra em 2026?
Deixe um comentário