Coluna desta quarta-feira

Tarcísio de Freitas: a construção de uma candidatura competitiva no vácuo de Bolsonaro

A mais recente pesquisa da Paraná Pesquisas (22/04) confirma um movimento silencioso, porém estratégico, na política brasileira: a ascensão de Tarcísio de Freitas como uma alternativa viável da direita à sucessão de Jair Bolsonaro. Em um cenário em que o ex-presidente permanece inelegível e o bolsonarismo busca um novo rosto, o governador de São Paulo aparece com 27,3% das intenções de voto em um cenário de primeiro turno, ficando em segundo lugar, atrás apenas do presidente Lula, que lidera com 34%.

Esse dado, à primeira vista, mostra uma vantagem para Lula. Mas o que chama atenção é o desempenho de Tarcísio, que ultrapassa nomes históricos da política nacional como Ciro Gomes (12,6%), além de outros presidenciáveis mais tradicionais do centro, como Ronaldo Caiado (4,8%) e Eduardo Leite (4,4%). Trata-se de uma consolidação importante: Tarcísio já é, hoje, o principal nome da direita moderada no país — e um dos únicos com chances reais de enfrentar Lula de igual para igual em 2026.

Em cenários de segundo turno, o potencial competitivo do governador fica ainda mais evidente. Tarcísio vence Lula por 43,4% a 40,5%. Isso não apenas demonstra sua capacidade de atrair votos para além da bolha bolsonarista, mas também aponta que, ao contrário de figuras mais polarizadoras como Bolsonaro ou Michelle, Tarcísio pode construir pontes com o eleitorado de centro — algo decisivo para qualquer candidatura majoritária no Brasil de hoje.

Ainda é cedo para cravar qualquer favoritismo. Tarcísio terá que sustentar uma gestão de resultados em São Paulo até 2026, manter o apoio do bolsonarismo sem se tornar refém do discurso radical e, principalmente, desenvolver musculatura política nacional. Também não é certo que ele deseje ser candidato — há quem diga que seu perfil técnico não combina com o embate visceral de uma eleição presidencial.

Mas os números são inequívocos: Tarcísio é hoje o nome que mais se aproxima de Lula em termos de competitividade eleitoral, mesmo sem a máquina do governo federal, mesmo sem ser um político de carreira, e mesmo sem ter um histórico eleitoral amplo. Se souber se mover com cautela e ampliar seu capital político para além de São Paulo, poderá chegar em 2026 não apenas como o nome da direita, mas como um candidato competitivo no jogo presidencial.

A direita tem um novo ativo. E Lula, um novo adversário a ser levado muito a sério.

Sintonizados – O presidente da Câmara do Recife, Romerinho Jatobá (PSB), refutou qualquer distanciamento com o prefeito João Campos. O socialista, que é pré-candidato a deputado estadual, esteve com o prefeito do Recife no final de semana, e garantiu que estão cada vez mais alinhados do que nunca.

Alavancando – O prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino, deverá garantir uma expressiva votação ao deputado estadual Cayo Albino (PSB) em 2026. O socialista faz uma gestão bem-avaliada após derrotar de forma acachapante o deputado estadual Izaias Regis (PSDB).

Investimento – O prefeito João Campos (PSB) está investindo R$ 1,2 milhão na contenção definitiva da encosta da Rua Petrovina, em Água Fria, como parte do pacote da Ação Inverno. A obra, executada pela URB com recursos do Ministério das Cidades, beneficiará cerca de 150 moradores com a aplicação da técnica de solo grampeado, reforçando a segurança da área. Com conclusão prevista para o segundo semestre, a intervenção integra um conjunto de 24 obras em andamento na cidade, que buscam reduzir os impactos das chuvas e proteger comunidades em áreas de risco.

Inocente quer saber – Tarcísio será candidato a presidente com Michelle Bolsonaro de vice em 2026?