O jornalista Edmar Lyra faz sua análise semanal sobre as eleições no Recife, onde enfatiza os crescimentos de Geraldo Júlio e Daniel Coelho e as quedas de Humberto Costa e Mendonça Filho na pesquisa Datafolha. O analista político também fala sobre as eleições em Fortaleza onde Moroni Torgan (DEM) lidera, mas já está sendo ameaçado pelo socialista Roberto Cláudio, candidato do governador Cid e do seu irmão Ciro Gomes. Também fala sobre a liderança de ACM Neto em Salvador, a eleição no Rio de Janeiro e a eleição de São Paulo onde José Serra cai vertiginosamente, enquanto Celso Russomano se mantém na liderança de Fernando Haddad cresce de forma consistente. Vale a pena conferir.
O conto da carochinha.
Por Terezinha Nunes
Quem está assistindo ao guia eleitoral do Recife este ano já fez uma constatação óbvia: Lula e Eduardo aparecem mais no horário destinado ao PT e ao PSB do que os candidatos Humberto Costa e Geraldo Júlio.
De repente o padrinho assumiu o lugar do afilhado, demonstrando que, ou os dois candidatos não tem competência para se apresentar à população, ou a política virou um conto da carochinha e o eleitor anda submetido ao papel bobo da corte.
Nem a experiência frustrada neste mandato quando o prefeito João da Costa foi eleito por apadrinhamento e acabou amargando altos índices de rejeição, teve o poder de estabelecer um semancol na classe política recifense.
Em que isso vai dar? É impossível imaginar, embora estejamos a pouco mais de um mês de eleição, mas que é esquisito não há sombra de dúvida.
Recife que já teve como governantes homens de força pessoal inquestionável como, só para citar alguns, Pelópidas Silveira, Miguel Arraes, Joaquim Francisco, Roberto Magalhães e Jarbas Vasconcelos, dá a impressão de que agora só tem, no caso dos partidos citados, figuras menores para disputar o voto.
Sabemos que isto não é verdadeiro. Tanto Geraldo Júlio tem qualidades pessoais inquestionáveis como Humberto Costa é nada menos que um senador do nosso estado. De repente, porém, parece – e isso só os cientistas políticos vão poder explicar depois do resultado do pleito – que sem um padrinho ninguém se salva.
O mais grave é que esta situação inusitada que em Recife ganhou ares peculiares por conta da briga entre o PT e o PSB que colocou de um lado o ex-presidente Lula e do outro o governador, algo inimaginável até bem pouco tempo, está se reproduzindo em outros centros importantes.
No desespero diante do julgamento do mensalão, da crise econômica e uma certa fadiga de material, o PT agarrou-se a Lula, que está doente e de voz quase inaudível, como uma tábua de salvação e como se ele fosse um verdadeiro milagreiro, capaz de levantar defunto.
No Nordeste, onde Lula é realmente muito popular, isso não seria de admirar mas o inusitado é que o ex-presidente está ocupando também o horário eleitoral de Fernando Haddad em São Paulo e Patrus Ananias, em Belo Horizonte, ambos candidatos petistas.
“Às vezes eu temo que as pessoas achem que Lula é o candidato e não o Patrus” retrucou esta semana o candidato da coligação PSB/PSDB em Belo Horizonte, prefeito Marcio Lacerda, mostrando preocupação com o apadrinhamento.
Em São Paulo a candidata a prefeita pelo PPS, Soninha Francine, disse sobre o mesmo tema que “Lula alçou e ampliou o significado de padrinho a patamares nunca vistos na história deste País”.
É preciso acrescentar que, não satisfeito, Lula também tem requisitado outros padrinhos para acompanhá-lo nesta empreitada. Um deles, o mais rejeitado de todos, o deputado federal Paulo Maluf, impedido de sair do País para não ser preso pela Interpol, posou na frente da sua casa em São Paulo ao lado do ex-presidente e do apadrinhado Haddad.
A eleição de 2012 virou, pelo visto, um salve-se-quem-puder.
Para se manter ou alcançar o poder vale tudo. Os candidatos mesmo estão virando meros coadjuvantes.
Ou a população reage e dá a padrinhos e afilhados uma lição de moral, rejeitando a embromação, ou estamos todos perdidos.
CURTAS
Sem força – O resultado das últimas pesquisas no Recife, com Geraldo Júlio encostando em Humberto Costa, demonstra que se Lula permanecer na televisão apenas pedindo votos para Humberto e fazendo críticas metafóricas ao PSB não será capaz de reverter a tendência de queda do petismo na capital.
Coronelismo – Ao passar por Serra Talhada esta quinta-feira em apoio ao candidato do PT, Luciano Duque, o presidente nacional da legenda, Rui Falcão, disse, com todas as letras – “queremos encerrar com décadas de coronelismo em Serra Talhada” – referindo-se ao deputado federal Inocêncio Oliveira, padrinho e tio do candidato a prefeito pelo PSB, Sebastião Oliveira. E deu mais uma alfinetada ao ser lembrado que Inocêncio é aliado do PT a nível nacional : “muita gente que sempre foi nosso adversário, agora aparece de amiguinho” .
Poder econômico – candidato do PT a prefeito de Paulista, Sérgio Leite, prepara arsenal para denunciar abuso do poder econômico pelo candidato do PSB no município, o vereador Júlio Matuto. Quem viu o material diz que vem carga pesada por aí.
Eduardo entrega João Cândido e enaltece Lula.
Em evento carregado de emoção, que serviu para reafirmar a capacidade do povo nordestino para dar conta de grandes desafios, o petroleiro João Cândido foi lançado ao mar, nesta sexta-feira (25). A embarcação é a primeira a ser construída no Nordeste e a maior em operação no Brasil.
“Valeu a pena esperar por este momento e, se querem saber, digo como, disse o poeta Gonzaguinha, que começaria tudo outra vez se preciso fosse”, declarou o governador Eduardo Campos, último orador da solenidade realizada no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), no município de Ipojuca, a 57 km da capital.
“São centenas de filhos de cortadores de cana-de-açúcar que entregam o maior e melhor navio feito pelo talento do povo brasileiro”, comemorou Eduardo, lançando defesa sobre a “curva de aprendizagem” em relação ao tempo empregado para construção do navio. Ele ainda lembrou o início do processo, que aconteceu durante o governo Lula. “Se tem alguma coisa que atrasou foi a chegada do presidente Lula à Presidência da República, que fez a inversão das políticas públicas no Brasil”, cravou
Além de Eduardo Campos, estiveram presentes os presidentes das estatais, Graça Foster (Petrobras), e Sérgio Machado (Transpetro) e mais de cinco mil empregados do EAS. Todos estavam muito emocionados, o que só aumentou quando às 12h05, o João Cândido deu partida rumo â Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, onde receberá a sua primeira carga.
A entrega à Transpetro do navio João Cândido também foi um misto de realização com pactuação de novos compromissos. O segundo navio made in Pernambuco, o Zumbi dos Palmares, ficará pronto até fevereiro de 2013. Tanto o João Cândido como o Zumbi dos Palmares são encomendas do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef) e fazem parte da carteira das 49 embarcações em construção na nova fase da indústria naval brasileira. Ao total, 22 navios foram contratados ao EAS, ao preço de R$ 10,8 bilhões.
O João Cândido materializa a garra, a esperança e a perseverança dos pernambucanos. Soldadora do EAS, Zuleide Maria de Souza ficou com a missão de representar o sentimento dos companheiros de labuta. “É uma emoção muito grande ver esse navio pronto. Nele, tem um pedaço de mim e de cada um de nós que ajudou a construí-lo. O EAS é minha família e os meus filhos querem trabalhar nele também”, disse emocionada.
Um show à parte, o cozinheiro da embarcação, Renilson Chagas Ferreira apresentou a música que compôs para o navio. “Está chegando a hora de comemorar. O João Cândido já vai navegar”, dizia o refrão entoado pelo chef e seguido pela multidão, que formava um mar de camisas azuis com o dizer ‘Eu participei dessa grande conquista’.
Também nordestino, o Cearense Sérgio Machado, presidente da Transpetro está muito otimista com a produção pernambucana. “Há hoje seis mil navios na carteira mundial do processo fabril naval. Em dois anos, tenho certeza de que com a vontade de vocês passaremos o Japão e seremos a terceira maior indústria naval do mundo”, aposta, lembrando que demorou 30 anos para Coréia chegar à liderança no setor.
INDÚSTRIA NAVAL– Outras quatro embarcações contratadas aos estaleiros pernambucanos já estão com os trabalhos iniciados, sendo que o terceiro e o quarto navios encontram-se em processo de montagem e mais adiantados. Todos os navios terão as mesmas proporções de tamanho, altura e capacidade.
Assim como João Candido, os petroleiros pernambucanos terão capacidade de transportar, em uma única viagem, a metade da produção diária de petróleo realizada no Brasil. As proporções do navio entregue hoje são de impressionar. Tem 51,6 metros por de 274 metros. Em medidas mais inteligíveis, o João Cândido equivale à quase duas vezes a altura do Cristo Redentor (30 m) e mais do que dois campos de futebol (240 m) no cumprimento.
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