Aos três de fevereiro de 1914 onze meninos de classe média da época que se encontravam no largo de Santa Cruz para jogar “football” decidiram fundar um clube que era alvinegro e se chamava Santa Cruz Football Club.
Eles criariam aquele clube para incluir negros e pobres que não podiam participar nem torcer pelos já existentes Clube Náutico Capibaribe e Sport Club do Recife.
O alvinegro se tornou tricolor, incorporou o vermelho por obrigatoriedade primeiramente e consequentemente ser a inclusão do branco, do negro e de todas as outras etnias.
Esse clube que hoje é Santa Cruz Futebol Clube, que hoje é sediado na Av. Beberibe é a maior agremiação popular de Pernambuco. O morro desce pra ver o tricolor jogar. O time do negro, do loiro, do gari, do doutor. Esse é o Santa Cruz.
Hoje ele completa 100 anos de inclusão. Títulos? 27 estaduais, 1 regional, 1 nacional e 2 internacionais. Mas o maior deles nenhum outro clube vai conseguir: o de Torcida Mais Apaixonada do Brasil. Essa torcida tem um clube.
Um clube que foi do céu ao inferno em três anos, quando muitos esperavam que a chegada à quarta divisão do futebol nacional era o fim dele, a torcida chegou junto, levando quase 40 mil pessoas por jogo. O inferno durou três anos que pareciam não ter fim. Até a chegada de um 0x0 contra o Treze de Campina Grande com 60 mil tricolores naquele ano de 2011.
Parecia que a redenção ocorreria rapidamente, mas em 2012 mesmo após o bicampeonato estadual diante do maior rival, o tricolor sucumbiu na primeira fase da terceira divisão. Veio o ano de 2013 e as dúvidas voltariam a pairar sobre o José do Rego Maciel.
Um ano inesquecível, como poucos, com um tricampeonato em cima do maior rival, um acesso com 60 mil pessoas diante do Betim e o título de campeão brasileiro da terceira divisão.
Para quem chegou a disputar hexagonal da morte e outros vexames parecidos, disputar a segunda divisão nacional no ano do seu centenário já é um fato a ser comemorado.
Hoje, três de fevereiro de 2014, o Mais Querido para os adeptos do clube, a “sarna” para os seus rivais, completa 100 anos. Não foi fácil chegar até aqui. Tem quem reclame que em pleno 2014 um clube precise que torcedores se cotizem para reformar a sua fachada. Para o futebol profissional e cada vez mais rico é uma questão que coloca em xeque a competência de quem dirige o clube coral. Mas não dá pra negar a importância desta inclusão que a torcida do Santa Cruz teima em fazer. Foi ela quem ergueu o José do Rego Maciel, foi ela quem reergueu o Santa Cruz Futebol Clube do fundo do poço. Fazer cota pra reformar a fachada é coisa de amador, mas também de quem ama o tricolor.
O clube de José, Severino, Maria, Chico, Bacalhau, Capiba, Caça-Rato, Lacraia, Tará, é o clube da multidão, é o clube da inclusão. Ele nasceu e viverá eternamente porque ele é o Mais Querido Tricolor do Arruda e essa história ninguém muda, nem nunca vai mudar!
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