Um governo sitiado
Nunca antes na história deste país tivemos um governo tão atrapalhado quanto o da presidente Dilma Rousseff, que quando pensou que nomear Lula seria uma jogada de mestre, acabou se tornando o tiro de misericórdia que faltava para o governo acabar. Dilma levou pra dentro do Palácio do Planalto a Lava-Jato quando decidiu nomear um investigado para o ministério da Casa Civil. A quinta-feira começou com a posse de Lula no Palácio do Planalto, numa cerimônia realizada com alguns gatos pingados, constando apenas os sectários do PT, PCdoB e os poucos aliados que restam do governo.
Apesar da tentativa de desqualificar o juiz Sergio Moro, e atacar a Rede Globo, a curriola petista apenas colocou toda a imprensa contra o governo e acendeu o fósforo que necessitava para os integrantes do judiciário se voltarem contra Dilma, Lula e o PT. Atribuir o impeachment a golpe é conversa de desesperado que em nada se apega com a realidade. Golpe foi o que Dilma quis fazer obstruindo a justiça ao nomear um investigado com o único objetivo dele ganhar foro privilegiado e fugir de Sérgio Moro. As reações imediatas foram os panelaços em plena luz do dia enquanto Dilma discursava, numa pregação para convertidos que em nada melhorou a imagem do governo, pelo contrário, serviu para inviabilizar de uma vez por todas o governo.
Após os panelaços, a outra reação imediata foram as ações que tentavam barrar a nomeação de Lula que se proliferaram por todo o Brasil e que foram deferidas, tornando nulo todo o circo montado pelo Palácio do Planalto. Para piorar a situação de Dilma, a comissão do impeachment definitivamente saiu do papel, os deputados escolheram os 65 membros na tarde de ontem, que por sua vez elegeram o presidente da comissão especial e o relator, cujos ocupantes não possuem o menor compromisso com o governo. Na comissão do impeachment são necessários metade mais um voto para que o relatório final seja apreciado pelo plenário. O governo teria hoje, numa conta otimista, trinta votos, mas quem entende de política afirma que esse número não passa de vinte deputados.
A oposição já trabalha com a hipótese de que no dia 14 de abril o impeachment já tenha saído do papel e Dilma possa estar fora do cargo. Serão dez sessões para a presidente se defender, cujo prazo já começa a contar de hoje, uma vez que o presidente Eduardo Cunha decidiu convocar sessões extras para dar celeridade ao processo.
Como se não bastasse a quinta-feira ingrata para o Planalto com todos esses acontecimentos, o presidente do TSE ministro Dias Toffoli decidiu unificar as quatro ações que pedem a cassação da chapa Dilma/Temer com o objetivo de dar mais celeridade. Para não dizer que a desgraça é pouca, o ministro Gilmar Mendes, reconhecidamente antipetista, foi sorteado como relator do mandado de segurança impetrado no STF contra a posse de Lula como ministro, o que naturalmente inviabiliza a manobra do governo de tentar salvar Lula.
Tivemos mais um dia tenso em Brasília, e a expectativa é que não há nada tão ruim que não possa piorar, aguardemos então os novos desdobramentos. Uma coisa é evidente: o governo Dilma morreu e esqueceram de enterrar.
PEN – O Partido Ecológico Nacional, na figura do seu presidente estadual Romero Cavalcanti, negou que haja desentendimento com o presidente municipal vereador Davi Muniz. De acordo com Romero, a relação é a melhor possível e a ida de Davi para o DEM conforme foi ventilado nesta coluna está fora de cogitação.
Joel da Harpa – Eleito com menos de vinte mil votos para deputado estadual pelo Pros, Joel da Harpa só chegou à Casa Joaquim Nabuco por defender bandeiras da Polícia Militar, que lhe permitiram ser o representante da corporação na Alepe. Mas não dando-se por satisfeito, Joel decidiu ser candidato a prefeito de Jaboatão pelo PTN. A decisão não foi digerida pela corporação, que está se sentindo comoletamente traída pelo deputado, e promete dar o troco nas eleições de 2018.
Debandada – O PT está sofrendo as consequências da corrupção que assolou o governo Dilma Rousseff. Apenas ontem saíram do partido os vereadores Henrique Leite, do Recife, que foi para o PDT, Robson Leite e Ricardo Valois, de Jaboatão dos Guararapes. Ambos eram petistas de longas datas, que se cansaram da corrupção do partido e naturalmente tiveram medo de respingar nas suas respectivas eleiçōes.
PDT – Por falar no PDT, o partido recebeu reforços importantes após anunciar apoio à reeleição do prefeito Geraldo Julio, que foram os vereadores Henrique Leite, Marcos Menezes e Jadeval de Lima, o deputado estadual João Eudes, e o deputado federal Cadoca. A pré-candidatura de Isabella de Roldão a prefeita foi sepultada pelo diretório nacional.
RÁPIDAS
Mapa – O Movimento Vem pra Rua criou uma ferramenta que permite o eleitor a monitorar o posicionamento dos deputados e senadores em relação ao impeachment. Em Pernambuco o número era de sete a favor do impeachment, passou pra dez, enquanto os indecisos agora são apenas treze. A ferramenta pode ser vista através do: http://mapa.vemprarua.net/pe/
Carta – Após chamar o Supremo Tribunal Federal de covarde, o ex-presidente e “ministro stand by” Lula divulgou carta aberta afirmando que confia no STF e “espera justiça”. Pelo visto o movimento em nada sensibilizará a Côrte, que não gostou nem um pouco do teor das suas declarações.
Inocente quer saber – Quando o governador Paulo Câmara e o prefeito Geraldo Julio se posicionarão a respeito do impeachment de Dilma Rousseff?