Por José Matheus Andrade*
Na última sexta-feira, data do imbróglio da Petrobras, ficou claro mais uma vez as dificuldades geradas por um Estado gigantesco e o desprezo pelo livre mercado que nosso país apresenta.
Analisemos os fatos: segundo o presidente, na quinta-feira ficou sabendo do reajuste de 5,7% no preço do óleo diesel a ser divulgado pela estatal brasileira. Bolsonaro afirma então ter ligado para o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e ter pedido satisfações do motivo de tamanho reajuste, alegando que são números “maiores que o da inflação prevista”. Alhos e bugalhos, infelizmente.
Qual o cálculo que Bolsonaro fez? Aumento do diesel acarreta aumento da possibilidade de paralização, repetindo o caos e imobilismo econômico, como visto no governo Temer. Com isso, diminui-se a confiança, aumenta o custo político. A probabilidade de uma nova paralização inviabilizar o carro-chefe do governo, a Reforma da Previdência era alta. Sem Reforma da Previdência, sem retomada do crescimento econômico, sem avanços significativos, diminuição da popularidade consequentemente.
E, em alguma medida, Bolsonaro está correto em sua análise. Muito provavelmente uma nova paralização dos caminhoneiros inviabilizaria a Reforma da Previdência, o que seria extremamente danoso para o país e para o governo que aposta todas as suas fichas, capital político e esforços, neste momento, para a aprovação da Reforma.
Até aí, certo. Qual o problema então? A celeuma criada por isso é o grande problema. A informação vazou e prontamente a bolsa brasileira caiu, o dólar subiu e as ações da Petrobras derreteram no mercado. Simplesmente pelo fantasma que ronda o Brasil: o intervencionismo. Na sombra de Dilma, que maquiou preços e segurou aumentos tendo em vista sua eleição, o passado iliberal de Bolsonaro foi trazido novamente à tona e assustou o Mercado.
A verdade é que Bolsonaro não é um liberal convicto, apesar de simpatizar com as ideias. Por isso líderes partidários e parlamentares têm reclamado da falta de engajamento e maior defesa pública da Reforma pelo presidente. Os deputados e senadores querem que Bolsonaro dê a cara a tapa, e eles não estão errados. O presidente de fato precisa defender com unhas e dentes o projeto que fará a economia brasileira voltar a crescer, destravará investimentos e nos permitirá crescer além do esperado para o ano. E só uma Reforma liberal profunda no no sistema previdenciário permitirá isso.
O problema é que parte disso pode passar por fazer uma ligação ao presidente da Petrobras. E nisso reside todo o questionamento. Ninguém está aqui defendendo Bolsonaro, mas compreendendo a situação. A bem da verdade, creio que esse episódio só revela o quanto estamos longe de ideias liberais de fato. A Petrobras detém praticamente monopólio do mercado brasileiro, e por ser estatal, é diretamente ligada ao presidente, e está sujeita a esse tipo de ingerência, mesmo que isso não venha a se tornar prática, que creio que não virá. Confio que Bolsonaro, direcionado por Paulo Guedes, nos colocará de volta na trilha do crescimento. Não obstante, se o mercado fosse aberto, e quem sabe a Petrobras focasse no que sabe fazer, pesquisas, não tivéssemos suas ações derretendo na Bolsa por causa de fantasmas de intervencionismo estatal. Quem sabe, inclusive, se a Petrobras fosse privatizada. Teríamos a garantia de concorrência, e o presidente não teria essa capacidade de imiscuir-se nos assuntos da empresa, levando em conta possíveis cenários negativos para o governo.
O reajuste é necessário. A Petrobras não pode ser penalizada, perder dinheiro por causa da ingerência política. A política correta de flutuação dos preços esbarra na característica do bem de consumo que tanto poder de pressionar a inflação, que são combustíveis em geral. Todavia, a quebra do seu monopólio faria bem a todos aqueles quanto o Estado e a própria Petrobras tentam “proteger”: os cidadãos, e em especial, os mais pobres.
O Brasil precisa, acima de tudo, de liberdade. Liberdade para empreender, comprar e vender, viver. Mas antes de mais nada, precisamos de mais liberdade daquele que tanto nos suga, imobiliza e escraviza: o Estado. Não o fim dele. Sua diminuição, direcionamento claro para o que é essencial e privatização de empresas estatais.
*Mestrando em ciência política e assessor político.
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